quarta-feira, 11 de março de 2009

A sogra em cova rasa

De Leandro Gomes de Barros:

(...)

Com especialidade
Uma sogra como a minha
Que quando o diabo ia,
Já ela voltando vinha,
Trazendo na mão direita
A semente da morrinha.

Tendo-se a mulher em casa
E a sogra na sepultura,
Enterrada em massapê,
Com dez palmos de fundura,
O casal vive no céu
Só vê delícia e doçura.

Porém se enterrar a sogra
Em cova que fique rasa,
Ela se vira em cupim
Ou em formiga de asa,
Se entrar na casa do genro
Não há jeito, ele se atrasa.

É esse o medo que tenho,
A minha foi enterrada,
A cova era muito funda
Porém não foi bem socada,
A velha ainda rosna dentro
Em noite de trovoada.

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