quarta-feira, 7 de abril de 2010

C'est la vie, mes camarades VI



Infantilidade - A imprensa brasileira precisa parar de embarcar neste história para boi dormir de assessorias de políticos incompetentes: "em tal dia choveu mais do que o esperado para o mês todo". Ora, ora, qualquer cidade com mais de 50 habitantes e que não conta com uma boa infraestrutura urbana está fadada aos desastres como o verificado no Rio de Janeiro. E olha que poderia ser em qualquer lugar, inclusive Curitiba. Minha gente, a culpa não é dos céus ou de São Pedro, a culpa por estas tragédias é do mau administrador público, daquele que sabe que a cidade está sujeita ao desastre e nada fez ou faz. Aliás, qual foi mesmo a última obra em Curitiba para a prevenção de "acidentes" deste tipo?

Fantasmagórico - Por falar em Jornalismo, recebi um informativo do Sindijor contendo uma propaganda do Banco do Brasil e outra de uma dessas faculdades de fundo de quintal. Sobre os jornalistas fantasmas na Assembleia Legislativa do Paraná nadinha. Afinal, fantasmas não existem e manifestação é coisa para ser tratada em centro espírita e não no Sindicato.

Para embrulhar peixe - O Sindicato dos Jornalistas está preocupado com a discussão sobre a exigência do diploma para o exercício da profissão. Ou seja, fantasma sim, mas devidamente diplomado. Esta é a ética dos cartórios. Aliás, a minha secretária do lar encontrou meu diploma, ou pergaminho que nunca precisei usar para nada. O papelucho está embolorado e dobrado. Agora é que não serve para porcaria nenhuma mesmo.

Merdae schola - Meus filhos (sobrinhos) cursaram o Ensino Fundamental em "renomadas" escolas particulares de Curitiba. Embora dados ao hábito da leitura - muita leitura - desconheciam Gramática e, portanto, escreviam como falavam, ou seja, mal. Tomei o cuidado de verificar a história com os amiguinhos deles e a tragédia revelou-se maior ainda. Na realidade, não sabiam para que servia aula de Português na escola, pois sempre foram enganados. Ao ouvir pela enésima vez "tipo" daqui e "tipo" dali, perdi a paciência e enchi os barrigudinhos de Gramática Latina durante as férias. Agora pelo menos sabem falar "tipo" na língua de Cícero e interpretam perfeitamente a expressão "escola de merda", devidamente declinada. Nas próximas férias: Geometria.

Censura na escola
- Uma dessas escolas de merda dizia ter uma oficina de Jornalismo para seus alunos. O único número do jornal que os alunos fizeram foi vetado pela direção do colégio. A meninada teve, portanto, uma grande lição e com as bençãos do Vaticano.

Meu ex-amigo beócio - Disseram-me que eu sou muito duro com os fantasmas que assaltam os cofres públicos, em especial os gasparzinhos da Assembleia Legislativa. Teve um idiota que chegou a argumentar que esse era um crime menor, perdoável até. Depois dessa, nem mais falo com tal tapado. Não existe roubo menor, roubo é roubo, beócio!

Rogando praga - Na mesma conversa, que creio ter sido a última com o idiota, ele me sugeriu que, provavelmente, não iria ninguém para cadeia, fantasma algum. Certamente, com a vontade demonstrada pelo Ministério Público, pilantra algum verá o sol nascer quadrado. Mas desejo algo muito pior do que a cadeia para esses ladrões de colarinho branco: a visita em seus leitos de morte de todos os fantasmas das crianças e velhos que eles mataram ao roubar o dinheiro público. Dinheiro que deveria estar nos postos de saúde, nos hospitais, na distribuição de alimentos e remédios, na assistência à criança e aos idosos.

Rabo azulejado - Isso já faz algum tempo, mas me lembro de ter ouvido que um fantasma que assombra há mais de 20 anos a Assembleia Legislativa estava muito preocupado com a qualidade dos azulejos que mandara importar de Portugal. É lógico que os azulejos foram comprados com o dinheiro roubado do povo. É bem possível que a Justiça dos homens não alcance este espectro que se diz jornalista, mas imagino como deve ser o sono desse sujeito ao mirar todas as noites os lindos desenhos nos azulejos comprados com a fome e a miséria de nossa gente.

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