Foi exatamente no dia em que os ipês floresceram. Lembro-me, doutor, que as ruas estavam ladeadas por colunas amarelas e as pessoas nem se davam conta – quanta gente abestada, meu Deus! Creio que para boa parte das gentes, as paisagens não passam de pano de fundo para continuidade mecânica intercalada no intervalo que vai do nascer ao morrer. Entre um ipê e outro ipê, entre um passo e outro passo, ignoramos o relógio natural a marcar brevidades.
Perdoe-me a ansiedade, mas destas coisas que lhe digo e me custam memória, assustadora foi a que veio. De repente aquela vontade de caminhar. Enforcar o trabalho. Ignorar agendas. Não pensar em nada além de minha própria vontade de caminhar. Joguei o telefone celular fora. Desci a rua de casa...Continue lendo quando os ipês florescem...
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