quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sociedade Brasileira de Sociologia homenageia Luiz Werneck Viana e Nazareth Wanderley

Celi Scalon e  Luiz Werneck


A entrega do tradicional prêmio Florestan Fernandes foi o momento mais marcante da cerimônia de abertura do XV Congresso Brasileiro de Sociologia, realizada ontem no Centro de Eventos de Curitiba e que dá início ao evento de quatro dias sediado na Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Além da medalha com a gravação do rosto do sociólogo que intitula o prêmio, criado em 2003 pela Sociedade Brasileira de Sociologia, o professor e pesquisador Luiz Werneck Viana, da PUC-Rio, recebeu uma obra de arte da gravurista paranaense Denise Roman.
Rompendo o protocolo, para evitar “o tom de comício”, o autor de livros como ”Liberalismo e Sindicato no Brasil” fez um discurso improvisado que agradou a plateia formada por professores, pesquisadores e estudantes. “Essa homenagem, no ano em que completo 72 anos, surge como mais um acidente nessa minha vida tão acidentada”, brincou, relembrando sua trajetória intelectual intimamente relacionada aos principais momentos históricos do país como o Golpe de Estado de 1964 e o processo de redemocratização.
Hoje, às 11 horas, ele realiza a conferência Sociedade, Política, Direito, em que identifica no seu percurso intelectual e político três momentos como ponto de partida para compreender como a sociedade brasileira se modernizou sob a direção de elites conservadoras e de um regime político autoritário.
Werneck ainda ressaltou a importância da Sociologia em um momento em que o país vive um crescimento econômico questionável. “Há um desejo de projeção do capitalismo brasileiro no mundo. Mas queremos entrar nesse festim? Solidariedade, fraternidade, são valores da tradição brasileira que vem sendo erodidos por essa lógica da economia. A sociedade não pode ser prisioneira de um mundo sistêmico, cuja lógica passa longe de seus valores.”
Principal referência nos estudos das questões agrárias no Brasil, a homenageada Maria Nazareth Wanderley, doutora em Sociologia pela Universidade Paris X disse ao agradecer o prêmio que é preciso incluir a experiência dos 30 milhões de brasileiros que vivem nas áreas rurais nas discussões da sociologia do trabalho, da sociologia da família, da sociologia dos movimentos sociais, da sociologia política.
“Se não podemos, nem desejamos explicar sozinhos o mundo rural, é, também, impossível amputar a parte rural das preocupações dos estudiosos da realidade brasileira”, disse a professora convidada da Universidade Federal de Pernambuco e professora aposentada da Unicamp, com diversos livros publicados sobre sociologia rural, entre eles, Capital e Propriedade Fundiária. Ela realiza conferência amanhã, às 11 horas, sob o tema A Sociologia do Mundo Rural e as Questões da Sociedade no Brasil Contemporâneo.

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