sábado, 24 de maio de 2008
Do direito de ralar a escova e algumas considerações sobre a mulher-mercadoria
Centenas de manifestantes participaram na tarde deste sábado da 4ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo. O evento antecipou a Parada Gay, que aconteceu neste domingo na Avenida Paulista, em São Paulo. Entre as reivindicações das mulheres está o direito de serem lésbicas e a defesa do estado laico que já está assegurado pela Constituição, com independência entre a religião e o Estado. Os manifestantes também lutam contra a mercantilização do corpo das mulheres.
"Uma das grandes questões de opressão nessa sociedade é tratar a mulher como uma mercadoria. As mulheres ainda, de uma maneira geral, estão nas tampinhas de garrafas para vender a cerveja, estão mostrando peitos e bundas para vender carros. Não queremos que o nosso corpo seja usado como uma mercadoria", disse uma das organizadoras.
Do direito:
1. Não temos nada contra o rala-e-rola;
2. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é." traduzindo: cada um sabe onde arde e dói;
3. Realmente, o Estado não pode ter religião, o povo talvez possa;
4. Em Estados democráticos a minoria pode espernear, mas deve se submeter à maioria enquanto ela assim se constituir.
Das considerações:
Quanto a questão da "'mercantilização" da mulher, tema recorrente para as feministas, lésbicas e afins, temos a considerar que o termo é usado de forma imprópria:
1. Sob o ponto de vista da teoria marxista, uma mercadoria tem pelo menos dois predicados: valor de uso e valor de troca.
2. Usar a si mesmo, ou a si mesma, sem se submeter a uma troca, não tem sentido no mercado onde se negocia a mercadoria.
Decorrente desta realidade de mercado impossível, e os poetas sabem disso, o amor não se configura como mercadoria, porque, quando verdadeiro, só tem valor quando doado. Só, o amor, por si só e a si só, de nada vale;
3. Uma mercadoria no mercado, quando negociada, remunera a Mais Valia; se há Mais Valia, há de se ter um beneficiário. Neste caso, remunera-se a carne, jamais o amor.
4. E qual é a diferença entre aquele(a) que casa por interesse - artimanha muito comum em nossos dias - e aquele(a) que se prostitui? Não constituem essas pessoas verdadeiras mercadorias?
Questões:
A mulher, ou homem que, por conta e gosto, resolver mostrar caras, bocas, bundas, etc, para promover certo tipo de mercadoria, pode ser também uma mercadoria? Agrega valor à mercadoria? E como esse valor agregado poderia ser medido?
Sob o ponto de vista puramente capitalista (e aqui trocamos a palavra "mercadoria" por "bem"):
1. Só há sentido na negociação de um bem caso ele proporcione ao seu vendedor lucro, ou benefício, e satisfaça a necessidade do tomador.
2. Os bens estão submetidos à lei da Oferta e Demanda (ou Procura);
3. Se os homens consomem mais cerveja - ou seja, a cerveja sofre um acréscimo na quantidade demandada - por causa de uma imagem de mulher na tampinha da garrafa, significa que a oferta de mulheres, principalmente as que gostam de homens, está aquém da oferta. Mulher como deveria ser e bonita, só na tampinha. Em outras palavras, o mercado está fora de seu ponto de equilíbrio ideal em que a oferta deveria corresponder à procura.
4. A causa de todas nossas tragédias econômicas está na má administração dos recursos, sempre escassos, para satisfazer as nossas necessidades, sempre crescentes.
5. Na visão desta representante das lésbicas, a foto do Maguila na tampinha de garrafa venderia cerveja. Ou talvez a foto dela mesmo.
Portanto:
Chega de mulher mercantilizada e impressa;
Precisamos ver mulheres bonitas por todo tempo, por toda hora e lugar e não só nas tampinhas de garrafa de cerveja.
Aumentem a oferta de mulher in natura e a mercantilização deixará de existir.
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