E foi a proximidade que levou um grupo de 150 adolescentes das regiões mais pobres da cidade a querer conhecer o novo shopping. Aliás, o Palladium está no caminho deles. Acostumados com madames e mauricinhos, a direção do shopping ficou assustada com o visual da turma da periferia: bermudas largas e camisetas de times de futebol.
Inicialmente, não houve provocação por parte dos jovens, somente cagaço da administração do Palladium, que barrou aquela "gentalha" que ousava visitar o novo templo de consumo.
Resultado: protesto e mais pontos negativos ao shopping que já nasceu errado, sem alvará e agora, sem respeito para com os mais humildes.
A versão do Palladium de que a turma estava com o "tubão", mistura de refrigerante com bebida alcoólica, e isto poderia gerar tumultos é de um simplismo que beira à estupidez, quando não, a mais pura discriminação.
Quem anda pela periferia sabe que a grana dos adolescentes é curta. Se os maurícios e patrícias podem consumir bebidas mais caras e vestir roupas de grife, os jovens da periferia compartilham o "tubão", vestem-se de forma simples e contentam-se apenas em ver o que não podem comprar. Um passeio de duas horas para eles é suficiente para sonhar com o consumo proibido.
E neste domingo, até mesmo o sonhar foi proibido. Sonho, agora tem preço e o sonhador tem que estar com roupa de grife e apresentar na entrada do shopping um belo cartão de crédito com suas listas de compras.
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