Não sou adepto da TV. Sou da geração que escutou rádio na infância e nos finais de semana freqüentou as matinês (viu o trema em “freqüentou”, pois é, não tem capeta que tire este acento daí, ele vem por conta do Microsof Word). Mas como dizia, raramente paro e dou uma olhadinha no que aparece no cinescópio – nome pomposo do tubo de imagem da televisão, hoje já substituído pelas novas tecnologias: Plasma, LCD, etc.
Há também o fato de que a TV é, para mim, a verdadeira máquina do sono, durmo até mesmo nos jogos finais de Copa do Mundo. Nas conquistadas pelo Brasil, com exceção de 1970, só acordei com o barulho dos fogos de artifício. Sou bom de sono. No Exército, conseguia dormir com as baterias de artilharia atirando a noite toda.
Bom, o que eu queria dizer mesmo é que raramente vejo TV. E na segunda-feira consegui assistir a um capítulo da minissérie (é assim que escreve, dobrando o “s”) Maysa (notem, que o uso do “y” não é mais crime). Realmente, uma produção impecável, com magnífico figurino e ambientação nota 10. A atriz principal, a gaúcha Larrissa Maciel foi um achado, mansa, perfeita com seus olhos azuis nada pacíficos. Embora escrita em cima de uma história conhecida e aparentemente verdadeira, os autores não dispensaram nesta minissérie os elementos de ficção e arquétipos da dramaturgia, necessários para garantir a audiência e o tão propalado e inexistente “padrão Globo de qualidade”.
Assim, a personagem Maysa tem licenças para ser o que foi, com exageros até. Já os quatrocentões dos Matarazzo são preservados. São as reservas morais da trama. André Matarazzo, por exemplo, casou com Maysa não obstante a grande diferença de idade, cerca de 20 anos e é apresentado quase que como um padre, bizarramente beato, defensor perpétuo da tradição, família e propriedade.
Como estão na moda estas biografias beatas! Tudo feito para preservar a imagem dos bacanas e dar trabalho para os futuros historiadores, que terão que separar a ficção da realidade. E que pelo que se sabe, biografias podem ser compradas e falseadas por algum tempo, mas não por todo o tempo.
Por isso, acredito que pouco devo ter perdido nos anos em que não assisti TV. E faço aqui um desafio, experimente ficar longe da telinha por algum tempo, verifique que a sua vida será bem mais produtiva e que as macaquices globais não lhe farão falta alguma. Escute música, leia um livro, jornal, dê um beijo no companheiro ou companheiro, brinque com os filhos, sobrinhos, brigue com a sogra, ou ainda não faça nada, qualquer coisa será melhor do que os dementes do Jardim Botânico pensam ser o que você deseja.
Um comentário:
Belas palavras, mas acho que deveria ter escolhido outra forma de chamar a cantora já que essa foi dada a outra cantora brasileira.
Marisa Vertullo Brandão, mais conhecida como Marisa Gata Mansa (Rio de Janeiro, em 27 de abril de 1933 — 10 de janeiro de 2003), foi uma cantora brasileira.O apelido gata mansa ela recebeu do jornalista Djalma Sampaio por causa de seu jeito calmo de falar.(wikipedia)
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