Fruet, o império e a aldeia
Gustavo Fruet, o deputado que se projetou nacionalmente como a
encarnação da ética na vida pública, imagem que projetou devido à sua
brilhante participação na CPI do Mensalão, cometeu três erros que
abalaram sua carreira e comprometem seu futuro.
O primeiro foi a decisão de disputar o Senado. Tinha a reeleição
garantida para a Câmara, preferiu voar mais alto, fez uma votação
estrondosa - mais de dois milhões de votos -, mas insuficiente para se
eleger.
Ficou sem mandato, optou por disputar a Prefeitura de Curitiba - a
herança genética o capacita para isso (seu pai, Maurício, foi excelente
prefeito e político exemplar) - e cometeu o segundo erro. Repetiu o
procedimento de quando era filiado ao PMDB e o partido fechou-lhe as
portas para esse desejo, e trocou o PSDB, que não deu guarida a seu
projeto, pelo PDT.
O terceiro, e o mais grave dos erros, veio em seguida. Aliou-se ao PT.
Pois foi justamente sua oposição ao PT, que personifica os erros de seus
dirigentes - o mais exponencial deles foi o mensalão - que o projetou
nacionalmente.
A pesquisa Datafolha de sábado mostra que a dianteira que Fruet mantinha
em relação aos demais pretendentes se esvaiu. Ratinho Júnior (com leve
vantagem), Luciano Ducci (prefeito) e ele estão tecnicamente empatados
na liderança.
"Resultado de pesquisas não é motivo nem para euforia e nem para
desânimo. Confiamos no poder da nossa militância", reagiu Fruet em nota
oficial. As entrelinhas não escondem sua decepção e as palavras
denunciam novo engano: a militância petista prefere Ratinho (38%) a ele
(21%).
Fruet trocou o império - o Brasil - pela aldeia, sua cidade natal,
Curitiba, e, para alcançar seu objetivo, vendeu a alma ao diabo - que
jamais cumpre o que promete (veja o caso Osmar Dias).
Acesse o blog do Pedriali.
Um comentário:
Análise precisa. Faltou aprofundar o que parte do artigo já menciona ao falar pela opção Ratinho: que determinada militância é complicada, autofágica, capaz de gestos que ajudam os adversários. Sem engajamentos. Vide mais uma vez o que aconteceu a Osmar Dias, que só teve mesmo a ajuda esforçada de Lula, e Lula é mais que o PT, como se sabe há muito tempo. Militância? Onde? É a pergunta que Fruet deve fazer antes que seja tarde demais.
Postar um comentário