segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Pobre não entra": a estupidez que vai acabar com o shopping Palladium

O mercado tem suas leis imponderáveis, principalmente numa tarde de domingo. Uma delas diz que há duas coisas que não gostam de andar muito: mula cansada e freguês. Não é só construir um shopping e esperar que os ricos da cidade caiam matando nas compras. Curitiba está cheia de opções e a comodidade, traduzida pela proximidade, ainda conta.

E foi a proximidade que levou um grupo de 150 adolescentes das regiões mais pobres da cidade a querer conhecer o novo shopping. Aliás, o Palladium está no caminho deles. Acostumados com madames e mauricinhos, a direção do shopping ficou assustada com o visual da turma da periferia: bermudas largas e camisetas de times de futebol.

Inicialmente, não houve provocação por parte dos jovens, somente cagaço da administração do Palladium, que barrou aquela "gentalha" que ousava visitar o novo templo de consumo.

Resultado: protesto e mais pontos negativos ao shopping que já nasceu errado, sem alvará e agora, sem respeito para com os mais humildes.

A versão do Palladium de que a turma estava com o "tubão", mistura de refrigerante com bebida alcoólica, e isto poderia gerar tumultos é de um simplismo que beira à estupidez, quando não, a mais pura discriminação.

Quem anda pela periferia sabe que a grana dos adolescentes é curta. Se os maurícios e patrícias podem consumir bebidas mais caras e vestir roupas de grife, os jovens da periferia compartilham o "tubão", vestem-se de forma simples e contentam-se apenas em ver o que não podem comprar. Um passeio de duas horas para eles é suficiente para sonhar com o consumo proibido.

E neste domingo, até mesmo o sonhar foi proibido. Sonho, agora tem preço e o sonhador tem que estar com roupa de grife e apresentar na entrada do shopping um belo cartão de crédito com suas listas de compras.

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