quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quando a zona vende jornal



"Olha a Folha do Norte: Briga na ZBM manda dois para a Santa Casa!"
Quantas vezes gritei esta manchete (na realidade, título de reportagem da página policial) para vender a velha Folha do Norte, jornal maringaense das antigas, com direito a títulos com tipos de chumbo tortos, tinta que manchava na roupa e clichês gráficos.
Vendia outros jornais: Folha de Londrina, O Estado do Paraná, o novíssimo O Diário do Norte do Paraná, mas não entendia porque a Folha do Norte interessava mais aos leitores maringaenses. A Folha do Norte vendia como água, na Cocamar, na rodoviária e não saía mais porque tinha assinantes.
A Folha era pautada pela cidade, pelas coisas da cidade, falava da feira livre, da geada, do ladrão de galinha, do vizinho e do buraco de rua.
Portanto, aos 10 anos aprendi que uma briga na Zona do Baixo Meretrício (ZBM) interessava mais ao leitor local do que os atos do governo militar na distante Brasília. A proximidade é o primeiro atributo da notícia, mesmo que seja na zona da periferia.
A TV subverteu a ordem dos atributos da notícia, em primeiro lugar vem o drama, a novela-notícia, para manter a audiência e marcar a definitiva decadência e descrédito de nossa profissão.
Tristeza danada, hoje sei que a zona mais próxima está no tubo da TV!

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