quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fim do diploma de jornalista: um pé na bunda da mediocridade



Formei-me em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e não fui buscar o diploma. Quem mo trouxe, anos depois, foi a minha amiga jornalista Fernanda Rocha. Estava lá, na secretaria do curso, tomando espaço nos arquivos. Hoje não sei em que canto anda, a última vez que me deparei com o bicho foi para cumprir as formalidades da contratação proposta por um jornal e que também me pedia atestado de "bons antecedentes". – Jornalista diplomado e com "bons antecedentes", em que mundo vivemos!?! – Pois bem, os arquivos do Dops já não valiam mais nada mesmo e arrancar das autoridades o dito atestado não foi nada difícil.

Nunca separei os meus colegas em diplomados ou não. Os separo apenas em dois grupos, os que sabem escrever e os que não sabem. Como são poucos os que pertencem ao primeiro grupo, sempre me posicionei contra o diploma para jornalistas. E isto me custou várias inimizades, principalmente dos medíocres que se escudam com este papel para garantir o emprego. Energúmenos que mal conseguem redigir duas linhas inteligíveis.

Nesses anos todos de lida na arte de redigir, fui testemunha de várias injustiças cometidas pelos defensores do privilégio de informar ou desinformar. Por ação das patrulhas da ignorância, vi talentos serem defenestrados dos jornais e substituídos pelos burocratas da notícia.

Perdemos um privilégio esdrúxulo e nada mais. Portanto, acalmem-se os que têm talento e temem que os donos de jornais façam a festa na contratação de analfabetos e ignorantes. O jornal é um negócio; e negócio para dar certo, em qualquer parte do mundo, precisa ser eficiente. Tenham por certo: instalar a ignorância neste ramo seria o mesmo que colocar um aquecedor numa fábrica de gelo.

Ah, mas os apadrinhados do patrão, os indicados etc? Ora, o bolso é do dono do jornal. Caso o sujeito queira sustentar medíocres, rasgar dinheiro, o problema é dele. O que não pode é a sustentação da mediocridade por decreto, como desejam os defensores da reserva de mercado.

Não gosto e não concordo com muita coisa escrita por meus colegas jornalistas, formados ou não. Mas sempre defenderei o sagradíssimo direito de expressão de quaisquer pessoas que tenham condições para tal. Esta é a liberdade que importa. O resto é o choro dos reacionários e medíocres.

3 comentários:

Unknown disse...

Congratulações pelo texto. Repassei para o blog da Petrobrás... Espero que publiquem. Repassarei também para o blog do Paulo henrique Amorim.
Carlos Alfredo Gomes
(Já fui "pastapeiro" e diagramador, profissões extintas; escrevo, mas fui impedido de trabalhar por não ter diploma - apenas Ginásio, que foi tudo o que pude cursar.)

Maria Bonita disse...

Também não tenho nada contra advogados, mas não precisei de nenhum para dar um basta chegar ao CNJ, enfrentar uma das melhores bancas de advogados do Brasil (dizem que é e acho que é) e fazer valer denuncias de irregularidades aqui no Paraná....

Ah, e também não escrevo nada bem e tenho um bloguinho até que bem visitado....rs.....

E mais, aprendí a fazer tricot e crochet sózinha......

Luiz Henrique disse...

Zé, você expressou os meus pensamentos. Parabéns.
Luiz Henrique