segunda-feira, 23 de julho de 2012

Análise do José Pedriali

Fruet, o império e a aldeia


Gustavo Fruet, o deputado que se projetou nacionalmente como a encarnação da ética na vida pública, imagem que projetou devido à sua brilhante participação na CPI do Mensalão, cometeu três erros que abalaram sua carreira e comprometem seu futuro.
O primeiro foi a decisão de disputar o Senado. Tinha a reeleição garantida para a Câmara, preferiu voar mais alto, fez uma votação estrondosa - mais de dois milhões de votos -, mas insuficiente para se eleger.
Ficou sem mandato, optou por disputar a Prefeitura de Curitiba - a herança genética o capacita para isso (seu pai, Maurício, foi excelente prefeito e político  exemplar) - e cometeu o segundo erro. Repetiu o procedimento de quando era filiado ao PMDB e o partido fechou-lhe as portas para esse desejo, e trocou o PSDB, que não deu guarida a seu projeto, pelo PDT.
O terceiro, e o mais grave dos erros, veio em seguida. Aliou-se ao PT. Pois foi justamente sua oposição ao PT, que personifica os erros de seus dirigentes - o mais exponencial deles foi o mensalão - que o projetou nacionalmente.
A pesquisa Datafolha de sábado mostra que a dianteira que Fruet mantinha em relação aos demais pretendentes se esvaiu. Ratinho Júnior (com leve vantagem), Luciano Ducci (prefeito) e ele estão tecnicamente empatados na liderança.
"Resultado de pesquisas não é motivo nem para euforia e nem para desânimo. Confiamos no poder da nossa militância", reagiu Fruet em nota oficial. As entrelinhas não escondem sua decepção e as palavras denunciam novo engano: a militância petista prefere Ratinho (38%) a ele (21%).
Fruet trocou o império  - o Brasil - pela aldeia, sua cidade natal, Curitiba, e, para alcançar seu objetivo, vendeu a alma ao diabo - que jamais cumpre o que promete (veja o caso Osmar Dias).
Poderá perder a aldeia hoje, ganhá-la amanhã, voltar a ter projeção nacional depois de amanhã. Mas a alma, esta não recupera mais.


Acesse o blog do Pedriali.

Um comentário:

Vantuir Pólvora disse...

Análise precisa. Faltou aprofundar o que parte do artigo já menciona ao falar pela opção Ratinho: que determinada militância é complicada, autofágica, capaz de gestos que ajudam os adversários. Sem engajamentos. Vide mais uma vez o que aconteceu a Osmar Dias, que só teve mesmo a ajuda esforçada de Lula, e Lula é mais que o PT, como se sabe há muito tempo. Militância? Onde? É a pergunta que Fruet deve fazer antes que seja tarde demais.