terça-feira, 31 de julho de 2012

Pedriali analisa a cassação do Barbosa

Por que não me ufano

Não estou feliz com a cassação de Homero Barbosa - devolvo-lhe o sobrenome, porque os mortos exigem respeito -, punição que defendi com veemência.

Fui seu opositor desde o momento em que, em 2008, ele fez falsa denúncia de crime contra seu ex-chefe de gabinete em Brasília, Luciano Lopes, que o acusara de desviar verba de gabinete para financiar despesas pessoais.

Rebelei-me quando ele apoiou Antonio Belinati no segundo turno, a quem chamava de "chefe de quadrilha".

Expus minha perplexidade a cada denúncia que pesou sobre ele e seus auxiliares desde o início do governo dele. Foram dezenas. Um número incontável.

Classifiquei de "desastre anunciado" a primeira denúncia estrondosa contra ele, em maio do ano passado e referente a desvio de recursos da área de saúde.

Evoquei, para justificar este parecer, o prontuário de irregularidades que ele passou a acumular desde que assumiu o primeiro cargo público. Foi deputado estadual por um mandato, federal por meio mandato - e responde a processos cabeludos na Justiça Federal. Sua grande herança do Legislativo...

Homero Barbosa tem uma inteligência privilegiada, uma força de vontade invejável. Mas se impôs a estas virtudes a ganância, manifestada pela riqueza que acumulou rapidamente e pelo contínuo assédio ao patrimônio público que demonstrou nos três anos e três meses de mandato.

Ele responde a sete ações por improbidade administrativa (como prefeito) e apadrinhou um punhado de atos mais que suspeitos - alguns redundaram em processos por improbidade administrativa - de seus auxiliares de confiança. O principal deles é André Nadai, que teve em suas mãos as licitações mais milionárias - e suspeitas - da sua administração.

Vários deles foram presos.

Barbosa perde, e merecidamente, o seu mandato pelo menos grave dos pecados mortais dos quais é acusado: a manutenção, durante dez meses, de dois seguranças pagos pelo município em sua rádio.

A ganância se impôs à inteligência...

Homero Barbosa perde o mandato, a candidatura à reeleição e os direitos políticos durante oito anos. Responderá a dezenas de processos nesse período, que poderão desaguar em sua condenação em segunda instância - e, nesse caso, a temporada de exílio poderá se prolongar por causa da Lei da Ficha-limpa.

Sua vida pública, portanto, pode ter sido sepultada nesta noite, 30 de julho, 212º dia de 2012. Doze anos depois da cassação de Antonio Belinati. Doze, o número de sua legenda, o número que o sepultou.

Sinto-me recompensado pela decisão da Câmara. Combati o bom combate.

Mas não me ufano.

Londrina sofreu, mais uma vez, na mão de um político acusado de corrupção.

Quanto tempo será necessário para nos darmos conta de quanto perdermos, não apenas em recursos desvidos, mas em investimentos, projetos e, sobretudo, em esperança?


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