segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Roteiro para a avaliação de uma derrota eleitoral

Alguns erros comuns que determinam a derrota nas urnas, de acordo com Hiram Pessoa de Melo, experiente marqueteiro e autor do livro "Ganha Mais quem erra menos:

Se você realmente está a fim de se auto-destruir, o caminho mais rápido é perder o controle da boca, dizendo coisas inoportunas, nos momentos mais inadequados.

Fazer um gesto fora dos padrões, também ajuda muito.

Dê margem para a “tropa de emprenhadores de ouvido” instalar um clima de fofocas e intrigas na campanha.

Fique “refém de um pequeno grupo de puxas-saco”, que só dizem o que você quer ouvir. Uma corte disciplinada faz bem para o ego. Creia que o seu pensamento e o de seu entorno represente o pensamento de todo mundo. (J. Napolitan).

Acredite que o conceito de Maquiavel “dividir para reinar” funcione numa campanha política.

Tire a autoridade de seu marqueteiro, solicitando sugestões para outros profissionais.

Incentive a criação de campanhas paralelas, tumultuando a sua equipe de marketing.

Seja ao mesmo tempo candidato, marqueteiro, jornalista e diretor de TV. Afinal, você é autosuficiente. Sabe tudo.

Interfira em tudo na campanha. Seja centralizador. Seja vaidoso, egocêntrico. Não tenha humildade, nem senso crítico. Não saiba ouvir ou só ouça o que você quer ouvir.

Nos momentos adversos, ache que é vítima de uma conspiração.

Não acredite que a realidade é a única verdade (Perón).

Iluda-se, fantasie, viaje na maionese.

Seja o dono de todas as idéias da campanha. Seja o dono da verdade. O pai de Deus.

Trate mal a sua equipe. Seja autoritário, intolerante, grosso. Tenha “faniquitos”. Tenha assessores que sentem ciúmes de homem na política. São ótimos para afastar todo mundo que quer lhe ajudar.

Não interfira nas disputas internas de poder.

Não dê bola para os pequenos detalhes. O diabo mora nos detalhes.

Seja obsessivo, preocupe-se com questões menores e sem importância.

Acredite somente nas pesquisas favoráveis. As desfavoráveis são armação.

Nunca aceite críticas. Quem eles pensam que são para criticar você? 

Se transforme num candidato tóxico, contaminando a campanha.

Tenha um “surto de autismo”.

Esqueça-se de amigos aliados.

 Esse negócio de campanha política organizada não funciona.

Você tem um bom disco rígido e o software da vitória, basta colocá-lo no drive do computador e dar o enter, que tudo aquilo que deu certo no passado vai dar certo novamente.

Acredite, você é o cara, você tem a força, o fogo sagrado dos deuses.

Nos debates, seja agressivo, ataque. Se pegarem no seu pé, perca as estribeiras, dê um pau no cara.Seja irônico, isso passa um ar de superioridade.

Trabalhe com amadores, centralize e não organize

Profissionalizar as áreas da campanha vai sair muito caro, vamos trabalhar com a turminha.

Para tomar uma decisão, vamos ouvir a opinião de todo mundo, numa assembléia geral.

Qualquer decisão, a menor que seja, tem que passar pelas mãos do candidato.

Tudo tem que girar em torno do candidato.

Não se preocupe com vazamento de informações.

Não estabeleça canais de informação entre o Partido e a campanha.

Não dê bola para o Partido.

Não invista na capacitação da sua equipe geral de campanha.

Deixe os conflitos naturais correrem frouxo. Campanha é isso mesmo.

Fazer planejamento estratégico é pura perda de tempo.

Confie no seu taco, confie na improvisação.

Não gastar dinheiro contratando bons advogados eleitorais. “Vamos trabalhar com uns amigos meus, que manjam alguma coisa de direito eleitoral. Vai ser na faixa”.

Comida para o pessoal do Dia D? Mandem um sanduíche de mortadela com ‘refri’ que está muito bom.

“Marqueteiro porra nenhuma...O marqueteiro soy yo!” Esses caras são todos uns estrelas, donos da verdade. Uns enganadores, que cobram uma fortuna e ainda por cima são cínicos. Quando ganham, o mérito foi só deles e quando perdem, a culpa foi exclusiva do candidato. Mas se mesmo assim vai contratar um marqueteiro, algumas dicas: 
Contrate um marqueteiro inexperiente.
Contrate um marqueteiro estrela, desses que são os donos da verdade e que ficam ofendidos por qualquer coisa. É o temperamento deles.
Estimule o conflito interno entre o marqueteiro, a produtora de TV, o pesquisador, a agência de propaganda.
Contrate um publicitário, com experiência mínima em campanha eleitoral.

Estratégia e tática não servem para nada, confie no próprio taco e navegue ao sabor das ondas Não tenha estratégia alguma. Campanha é como uma carroça carregada de abóboras. Na medida em que a carroça anda, as abóboras se acomodam. Voluntarismo e autosuficiência bastam para ganhar.

Deixe questões mal resolvidas e explicadas. (Francisco Ferraz)

Faça mudanças estratégicas constantes para confundir os adversários. Vai confundir os próprios aliados, mas tudo bem.

Achar que a propaganda política supre os déficits da campanha.

Pecar por “maximalismo”, prometer demasiado. (Sanchis)

Seja um candidato camaleão, mude de opinião. Seja inconstante e adote o slogan “eu prefiro ser, uma metamorfose ambulante”.

Mude de personalidade, crie um novo personagem. 

Não recorra às pesquisas quantitativas e qualitativas par orientar a estratégia.

Erros de proposta e discurso: vomite qualquer coisa. O eleitor não vai acreditar mesmo

Plano de governo ninguém lê.

A sua plataforma de governo pode ser resumida em palavras de ordem como “choque de gestão”.

Campanha negativa, seja o pitbull da campanha Personalize o ataque, seja você mesmo quem vai botar a cara e bater no adversário.

Faça ataques pessoais, assim você torna o adversário uma vítima. 

Deixe sem resposta os ataques negativos contra você.

Não leve em consideração que o seu ataque poderá beneficiar um terceiro. 

Responda a todos os ataques compulsivamente.

Jornalista é tudo igual 

Contrate um assessor de imprensa que seja amiguinho dos adversários e que goste de fazer média com eles.

Dê emprego para um jornalista despreparado que nunca trabalhou com política.

Pesquisa não resolve nada Economize em pesquisas. 

Não acredite nas pesquisas.

Novas tecnologias? O povo não usa a internet

Fazer o mesmo uso que Obama fez da internet vai ser fácil. 

Não profissionalize a sua campanha de internet.

Aceite doações em troca de benefícios futuros na sua administração.

“No crea em las brujas”. As balas perdidas só atingem os outros.

Acreditar na Lei da Inércia: Os erros estão aos olhos de todos, mas ninguém toma uma atitude.

A Lei de Murphy nas campanhas políticas é uma bobagem. Você mesmo cria as condições para que tudo dê errado e sempre acaba dando errado... Porque os erros e equívocos, quase sempre são os mesmos e possuem a mesma origem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Para completar: Ao visitar uma fábrica, não almoce com os operários, prefira ficar com a diretoria./ Não ouça quando o jornalista de campanha pedir para sorrir e cumprimentar o povo, afinal os pobres são fedidos. / Trate mau até a dia do cafezinho, afinal ela tem um emprego em seu comitê e por isto vai votar compulsoriamente par ao candidato. / A cada debate, reúna os puxa-sacos, que vão ficar bêbados assitindo o debate, e quando chegar vão aplaudir sua performance, apesar de ter sido sofrível.