quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Aumento do ônibus é o primeiro desgaste imposto pela oposição a Fruet

Foi uma jogada de risco a provocação dos empresários do transporte coletivo ao colocarem no patamar de R$ 3,10 a nova tarifa de ônibus em Curitiba. A priori conseguiram pautar o prefeito Gustavo Fruet e a imprensa num assunto que deveria vir à tona somente em fevereiro com as negociações da data-base da categoria dos motoristas e cobradores. Com essa antecipação, os empresários deram à oposição de Fruet os primeiros elementos para o desgaste político de início de governo num assunto de interesse público, mas que responde a interesses privados, manutenção de privilégios e ao status quo de absoluto mando na cidade.
Na análise dos empresários e oposição, poucas são as opções de Fruet, já que o sistema todo coloca o prefeito refém de uma planilha caixa-preta aprimorada em maldades desde o século passado e que refletem os números da chantagem. Fruet poderia bater de frente com esses empresários e simplesmente jogar com com o apoio popular obtido nas urnas e buscar outras formas para manter a tarifa, denunciando as causas que elevam seus custos, como o uso eleitoral que dela foi feita pelo atual governador Beto Richa quando se elegeu prefeito. Ou ainda, na incapacidade dos antigos governantes de projetar alternativas de transporte na cidade. Ações temerárias diante de uma Câmara em que a maioria é construída em acordos políticos e diante da histórica simpatia de boa parte dos vereadores aos empresários do transporte coletivo. E mais temerária ainda, ao se notar o comportamento do sindicato laboral em situações similares anteriores, sempre disposto a colaborar com o locaute patronal. Ou seja, a população poderia viver o caos de uma longa greve e a cidade simplesmente pararia com desdobramentos nefastos para ambos os lados.
Outra possibilidade para Fruet seria a negociação que, na antecipação de pauta, colabora com o desgaste prematuro do governo que toma posse. Ao manter-se o assunto na mídia, as verdadeiras prioridades do governo irão figurar nos jornais num segundo plano e qualquer avanço que se consiga, na Saúde por exemplo, virá envolto pela névoa da pauta principal que deve se arrastar durante este primeiro trimestre. Ao negociar e dependendo do resultado, Fruet pode construir duas imagens para seu governo: conciliador e forte, no caso de resultados positivos; ou vacilante e fraco, no caso de resultados negativos.
Ao tomar posse, Fruet parece ter apostado na negociação, mas cometeu ato falho ao dizer o que os empresários queriam ouvir e o que a população não queria escutar. Ele admitiu que a tarifa deve subir por causa de "interesses poderosos". Ora, mesmo que se considere a engenharia na obtenção de apoios na Câmara, em que o café de certos grupos de interesse precisa ser adoçado, a negociação com os empresários parte de um viés de alta na tarifa, não efetivamente dos R$ 3,10 propostos, mas de uma valor dentro do intervalo dos atuais R$ 2,60 e o limite superior almejado pelos donos das empresas. 
Ouvir o povo seria uma boa saída para resolver esse problema posto na mesa prematuramente. Hoje, agora mesmo, nos pontos de ônibus em que os passageiros são mal abrigados da chuva e frio, ou dentro dos veículos lotados em horário de pico, qualquer conversa de aumento na tarifa soa como uma provocação, uma brincadeira de péssimo gosto para quem quer ir para a escola ou trabalho com pelo menos o mínimo de respeito e algum conforto. 

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