segunda-feira, 2 de junho de 2008

Que saudade da Myrtis!


Cortaram o ensino de Latim de boa parte dos cursos de Direito e pelo que parece, a reboque, também o de História. Pois não há outra explicação para a falta de respeito com as tradições históricas que justifique esta proibição de campanhas em feiras e ruas de Curitiba.
Aliás, não é apenas uma tradição curitibana usar as ruas para a propaganda política e principalmente denunciar arbítrios, desmandos do poder público, fofocas e até mesmo casos de adultério. É uma tradição que começa já no desenvolvimento da gravura e escrita e está enraizada em todas as civilizações. Somos o que somos porque aprendemos a berrar em praça pública e porque rabiscamos muros, paredes e cavernas.
Proibir a propaganda de rua é o mesmo que ignorar séculos de história. Em Roma, as propagandas eleitorais se faziam nas vias públicas. Os mercados e os muros eram usados para anunciar ao povo candidatos.
Em Pompéia encontram-se registros desta prática e é pela análise desses "grafites" e ilustrações que temos a noção de boa parte da pronúncia das palavras na época de ouro do Império Romano, principalmente porque o povo grafava as palavras como eram pronunciadas e não como as normas cultas da língua preconizavam.
Assim, Caesar, aparecia grafado como "Caisar", o que elucida a pronúncia do ditongo "ae" na forma de "ai": pronuncia-se portanto /Kaissar/.

Veja alguns exemplos baseados na tradução do que estava num dos muros de Pompéia (foto acima).

C. Iulium Polybium / aed(ilem) o(ro) v(os) f(aciatis), panem bonum fert - (Peço-vos que votem em Júlio Políbio para edil, faz bom pão).

Lucius pinxit - ( Lúcio pintou isto).

Lucrum gaudium - (O lucro faz a felicidade).

Pituita me tenet - (Apanhei uma constipação).

Myrtis bene felas - (Myrtis, tu fazes uns felatios muito agradáveis. - fello ou felo, verbo que significa chupar, mamar).

Pecunia non olet - (O dinheiro não cheira mal).

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