quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

In memoriam de asnos que nos dão coices na imprensa


É de doer na alma certas expressões de nossos valorosos colegas de profissão. Agora inventaram uma tal "missa em homenagem a algum falecido". Ora, em missas não se realizam homenagens aos mortos, apenas há lembrança deles (rezamos por eles). Por isso, as missas, ou outros cultos, são "em memória de fulano", jamais em homenagem. Este "em memória" vem lá do latim: in memoriam, assim mesmo, com o in regendo o acusativo memoriam. Jamais use nesta expressão latina "memoria ou memorian", erros estúpidos de regência e grafia.

Outro coice dos tretápodes que nos deixa em pedaços o estribo, a bigorna e o martelo, é aquele do repórter que chega ao local da reportagem e a abre pomposamente em parva alegria:

"Viemos aqui acompanhar as comemorações da morte de Tiradentes...".

Um asno, ao "viemos" nem quero comentar, mas "comemorar a morte de Tiradentes", isso nem mesmo o pior dos monarquistas faria. Além de burro, o cara não é patriota. O correto é "lembrar a morte".

Para ilustrar o caso do in memoriam, vamos lembrar que asnos habitam o mundo e nele se procriam a qualquer tempo. Em 1964, os nossos Correios tiveram que mandar recolher toda a tiragem dos selos impressos em memória do "Papa da bondade" João XXIII. O que era para ser uma, agora sim, homenagem, acabou virando um grande vexame, pois algum gênio da raça mandou estampar "in memorian" no selo impresso. Consta que os selos com a asnice foram destruídos a pedido da Igreja e reimpressos corretamente. Não é preciso dizer que, na época, alguns chegaram a circular e valem agora um bom dinheiro para os filatelistas.

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