terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A resistência da esquerda


Um pouco de Lucidez não faz mal a ninguém. Principalmente para aqueles que julgam ser a pilantragem, absurdos e a safadeza (de esquerda ou direita) as justificativas perfeitas para a manutenção do poder de grandes pulhas. E a lucidez vem pelo conhecimento histórico, que geralmente é desconsiderado na cartilha da sacanagem dos exploradores da ignorância. Aqui vai um ótimo texto, para lá de lúcido, do escritor Cristóvão Tezza, publicado hoje pela Gazeta do Povo:

Dias atrás li uma manchete aqui na Gazeta que fala por si: “Irã en­­forca dois acusados de liderar protestos; 12 podem ser mortos”. Os crescentes protestos no Irã são contra a fraude eleitoral que reelegeu Mahnoud Ahmadinejad na presidência do país. O mesmo cidadão para quem, há pouco tempo, Lula serviu cafezinho e trocou sorrisos aqui no Brasil – lembrando-se de dizer, com a graça de sempre, que os protestos que aconteciam lá eram uma chiadeira de perdedores. A ideia de que se pode enforcar pessoas que protestam nas ruas contra o resultado de uma eleição, ou o que seja – e enforcá-las legalmente, de acordo com os trâmites dos tribunais – é tão visceralmente absurda que sempre me surpreende a dificuldade das esquerdas para colocar um foco em alguns dos direitos fundamentais da condição humana. O horror iraniano seria tolerável em nome de alguma contrapartida ao “poder americano”, ou outro mantra do gênero.
Há como que um deslocamento da questão central para duas direções: ou em nome de alguma utopia fundamentalista que exige o sacrifício hoje para que se alcance amanhã o paraíso terrestre (a máquina ideológica que criou e sustentou a União So­­viética), ou o que se costuma chamar de “pragmatismo político” – o mesmo que deu casa e comida para a equipe de Zelaya durante meses num dos mais bisonhos fracassos da nossa política externa. Na Venezuela, o que menos preocupa são as nacionalizações; o sinal evidente de que algo ainda vai se transformar em tragédia irreversível naquele país são as “milícias bolivarianas”, um re­­curso clássico do fascismo – criar um exército particular de fanáticos que respondem diretamente ao presidente da República e que exercem a função onipresente de “guardas da esquina”. Continue lendo este artigo....

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