quarta-feira, 24 de março de 2010

O deputado é ladrão

Nosso leitor diz que prepara uma petição e pergunta se a construção está correta em latim:

"Deputatu latro est" (O deputado é ladrão).

Sob o ponto de vista do latim vulgar e tardio, a oração está correta. Este "deputatu" vem do latim da Idade Média e foi registrado pela primeira vez no século XIV. "Deputatu" nada mais é do que o particípio passado do verbo "deputare" (enviar alguém em função de representante).
Na realidade, a política de Roma não contemplava a figura do deputado como temos agora, lá tínhamos os tribunos do povo (eleitos por um ano) e os senadores, que cumpriam as funções que hoje relacionamos com as de deputados (membros eleitos de uma assembléia legislativa).
Por isso é que, no latim clássico, há uma lacuna para essa palavra especificamente. As que se aproximam do significado moderno de deputado são: "misssus, us" (subst.); "missus, a, um" (adj.); "legatus, i" (subst.); e "orator, oris"; todas no sentido de "enviar alguém em função de representante". Logo:

Legatus latro est ou Missus latro est ou Orator latro est.

Mas, como "latro, onis" significa aquele que assalta, ou mercenário, cremos que o correto mesmo seria usar o nome "Fur (is)", aquele que furta, patife. Portanto, no latim clássico, naquele que foi escrito por César e falado por Cícero, as construções corretas seriam:

Legatus fur est ou Missus fur est ou Orator fur est.

Note que o verbo vai para o final da frase no latim. As traduções literais seriam: o deputado ladrão é ou o deputado patife é, ou o deputado mercenário é...

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